Segundo o Atlas Esgotos, 96,7 milhões de pessoas não dispõem de tratamento coletivo de esgotos. Quase 70% dos municípios não possuem nenhuma estação de tratamento
O cheiro de ovo podre misturado com bosta e a cor de petróleo ou barro são características dos esgotos que um dia foram rios. Quase toda metrópole tem um desses ex-rios que viraram condutores de esgoto não tratado. A Agência Nacional das Águas e o Ministério das Cidades acabam de publicar um relatório relatando que esse problemão ambiental não é exclusivo das grandes cidades, pelo menos não no Brasil.
Aqui, 45% da população ainda não têm acesso a serviço adequado de esgoto. Menos da metade (42,6%) dos esgotos do País é coletada e tratada. Quase 70% dos municípios não possuem nenhuma estação de tratamento.
Das 9,1 mil toneladas de esgoto gerado diariamente no país, 5,5 mil toneladas são lançadas diretamente nos rios e corpos d’água, sem qualquer tratamento.
De acordo com o Atlas Esgotos, mais de 110 mil km de trechos de rio estão com a qualidade comprometida devido ao excesso de carga orgânica, sendo que para 83.450 km não é permitida a captação para abastecimento público devido à poluição hídrica.
“O lançamento de esgotos domésticos nos corpos d’água sem adequado tratamento ou em desconformidade com os atuais padrões legais estabelecidos para lançamento de efluentes, resulta em comprometimento da qualidade da água do corpo receptor e pode inviabilizar o atendimento aos usos atuais e futuros dos recursos hídricos a jusante do lançamento. Isso ocorre especialmente em áreas urbanizadas”, afirma o estudo.
O relatório mostra que o Sudeste é a região brasileira que apresenta os melhores índices de coleta e tratamento de esgotos, sendo a única onde o tratamento dos esgotos gerados alcança mais da metade de sua população urbana.
Entre os Estados, somente São Paulo, Paraná e o Distrito Federal removem mais de 60% da carga orgânica dos esgotos produzidos em seus territórios. A Região Norte é a mais carente em termos de serviços coletivos de esgotamento sanitário.