De acordo com os dados apresentados, 93% das bacias continham entre uma e oito moléculas distintas de antidepressivos
Equipes de pesquisa de sete universidades públicas e do Instituto Butantan, lideradas pelo biólogo e professor da USP (Universidade de São Paulo) Luis Schiesari, identificaram a presença de antidepressivos no rio Tietê, em São Paulo. A descoberta faz parte de um mapeamento inédito da vida e da qualidade da água realizado na região. As informações são da Folha de S.Paulo.
A pesquisa liderada por Schiesari realizou uma varredura para identificar a presença de medicamentos, incluindo antidepressivos, agrotóxicos, drogas recreativas, além de analisar bactérias e vírus. O estudo abrange 52 pequenas bacias hidrográficas que integram o rio Tietê.
De acordo com os dados apresentados, que ainda serão revisados, foi observado que 93% das bacias continham entre uma e oito moléculas distintas de antidepressivos, como venlafaxina, bupropiona e sertralina.
As moléculas podem chegar ao rio Tietê por meio de descarte direto ou serem transportadas por fezes e urina provenientes de ligações clandestinas nos rios.
A legislação brasileira não estabelece um valor máximo para a concentração de fármacos na água tratada. Mesmo após metabolização, essas moléculas ainda podem ter efeitos farmacológicos sobre os seres vivos.
“Embora não se espere que tenham efeito agudo, por definição são moléculas projetadas para ter efeito biológico e por isso podem ter impactos não antecipados sobre organismos e ambientes”, disse Schiesari à Folha de S.Paulo.
Apesar dos impactos do acúmulo de antidepressivos na vida aquática ainda não estejam completamente comprovados, estudos recentes publicados nos últimos anos sugerem que essas substâncias podem influenciar o desenvolvimento, comportamento reprodutivo e padrões de caça de peixes e outros animais.
Procurada pela Folha de S.Paulo, a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), órgão governamental encarregado do monitoramento da qualidade da água no estado de São Paulo, informou que “realiza a vigilância de resíduos de anti-inflamatórios e anticoncepcionais nas águas de riachos e córregos na região”.
Já a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), encarregada do tratamento de água e esgoto na região metropolitana, assegurou que suas “estações de tratamento estão em conformidade com os padrões estabelecidos pela legislação dos Ministérios da Saúde e do Meio Ambiente”.
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